Aduilio Mendes defende Dorgival Dantas e fala sobre o Forró atual

Confira a segunda parte da entrevista com Aduilio Mendes

Hugo Gualberto

Segunda, 25/01/2016 às 17:45

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A equipe do Sua Música entrevistou Aduilio Mendes, uma das principais vozes do Forró nos últimos 20 anos. A entrevista rendeu tanto que nós decidimos dividir em três partes, essa aqui é a segunda, onde ele falou sobre o poeta Dorgival Dantas e também deu sua visão sobre o Forró atualmente. Caso você não tenha lido a primeira parte, basta clicar aqui antes de ler esta.

- Veja também: Aduilio Mendes fala sobre a música na sua vida, início de carreira e dificuldades

Dorgival Dantas e Aduilio Mendes (Reprodução/Instagram @aduiliomendes)

Veja abaixo a segunda parte da nossa entrevista com Aduilio Mendes.

Sua Música: Recentemente muitas pessoas criticaram Dorgival Dantas após um trecho de uma entrevista circular nas redes sociais, você foi um dos que saíram em defesa do Poeta. Como você viu essas críticas ao cantor?

Aduilio Mendes: Esse meu posicionamento em relação é ele é simplesmente pelo fato de eu conhecer o Dorgival, conheço a história dele, sei como ele começou e sei também também que quando a mídia em geral quer vir contra ou a favor de alguém, ela vem. Acho que foi usado de má fé, juntaram trechos de alguns momentos e compuseram um ponto de vista enganoso. Ele jamais iria tirar o valor de Luiz Gonzaga, do líder, do poeta e do músico que ele foi, além do que ele fez para nossa cultura, ainda mais hoje que o Dorgival é um talento reconhecido nacionalmente e até internacionalmente. Se ele fosse contra Luiz Gonzaga ele seria contra tudo que ele mesmo é.

- Leia mais: Dorgival Dantas é criticado por fãs do Forró tradicional e usa redes sociais para se defenderVeja Aduilio Mendes cantando "Se lembra coração" com Bete NascimentoSM: Falando nisso, você é um dos poucos cantores que é adorado pelos fãs do Forró eletrônico e também respeitado por quem prefere o Forró tradicional. Como você vê esse equilíbrio e a que você deve isso?

AD: Fico lisonjeado pela pergunta e realmente encontro um carinho muito especial desses dois lados que o Forró oferece. Na verdade, só existe uma explicação, eu fiz parte de um movimento que é dessa nova geração do Forró, da Mastruz com Leite pra cá, mas eu nasci em uma década onde escutava e bebia da fonte do Forró Pé de Serra, escutava muito Jackson do Pandeiro, Marinês, Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca e muitos outros. Isso está muito em mim, então quando tenho a oportunidade de estar com pessoas que fazem esse Forró tradicional, eu me envolvo muito, ou respiro aquilo. Já o Forró Eletrônico, eu fiz parte do início do movimento, venho atravessando gerações. Hoje, nos meus shows, tem gente de 18/20 anos de idade e me dizem que já são meus fãs há anos porque os pais eram loucos pelo meu trabalho. Para mim isso é emocionante e eu só tenho a agradecer ao Forró tradicional e ao eletrônico, nem sei para que essa divisão, pois a bandeira é a mesma, tudo é Forró e estamos unidos erguendo a mesma bandeira.

Aduilio Mendes cantando "Pau de Arara", de GonzagaSM: Que análise você faz do Forró atualmente?

AD: O Forró atualmente, no meu ponto de vista, vive seu melhor momento desde que nasceu até hoje. Se a gente fizer uma retrospectiva de 20 anos atrás, conseguimos ver a dificuldade que o Forró tinha em sair do Nordeste e até mesmo em alguns estados da região, existia um preconceito. Quem imaginava que o Forró estaria ganhando esse espaço na mídia nacional? O Forró hoje é requisitado os lugares do país, tem espaço na novela das oito, só nessa novela atual são duas músicas de Forró, então o ritmo cresce todo dia, rompendo barreiras e atravessando gerações. Já tiveram músicas de Dorgival nas novelas, ele fez até um filme agora, temos o Waldonys que é requintadíssimo pela MPB, faz turnês pelo mundo inteiro, Cezzinha, um dos maiores acordeonistas de Pernambuco e isso tudo é Forró, gente do Forró. Por essas e outras eu digo que o Forró nunca esteve tão bem. Logicamente, tem uma parte do Forró que eu nem curto muito a linguagem, essa parte de músicas de ostentação, ou duplo sentido, músicas que desmerecem a mulher e tudo isso a gente encontra no Forró atual, mas fazer o que? Temos uma geração de jovens que está curtindo e consumindo isso, não sou eu que vou dizer que está errado, como tudo na vida, existe uma transformação e no Forró não seria diferente. Se Gonzaga estivesse vivo ele poderia não gostar de algumas coisas, mas estaria muito feliz em ver que um ritmo que ele criou chegou tão longe.

- Aduilio Mendes lança novo CD promocionalSM: Você inspira muita gente que tá começando, mas quem inspirou o Aduilio Mendes lá no início e quem te inspira hoje no meio musical?AD: Sempre encontro alguns que dizem ter começado a cantar por minha causa e fico muito feliz. Minhas influências foram várias no início. Sou do interior e quando criança a diversão que a gente tinha era um radinho de pilha. Todos os dias, em uma emissora de Quixadá, tinha um especial de Roberto Carlos, eu estava lá todos os dias religiosamente para ouvir. Então, Roberto foi uma das minhas influências, mas eu ouvia muita coisa, pois na minha época não tínhamos o acesso de hoje para podermos pesquisar apenas um artista, na minha época tocava  Gonzaga, Pingo, Elba, Marinês e tanta gente da MPB em geral. Vim conhecer Djavan, Caetano e Chico Buarque depois dos 19 anos, justamente porque na minha região não tinha acesso, mas todos esses são influências para mim. Gosto muito da linguagem musical do Ed Motta, dos desafios nas melodias, extensão vocal. Depois conheci a música internacional e um dos caras que me lembro é o Axl Rose, do Guns N' Roses. Quando cheguei em Fortaleza eu morava com músicos e muitos estudavam muito e colocavam fitas de shows, alguns de Rock e quando vi o Axl pela primeira vez eu fiquei impressionado com aquilo, ele vem na minha mente quando estou no palco. Tem o Bob Mcferrin, para mim, número um do mundo quando se fala em técnica, Rachelle Ferrel, minha cantora preferida, mas não posso dizer que apenas uma pessoa é minha referência, isso muda, a minha referência é a música, eu encontro em todos os bons músicos algo que me acresce.

(Reprodução/Instagram @aduiliomendes)

Essa foi a segunda parte de nossa entrevista com Aduilio Mendes, na próxima semana teremos a terceira e última parte, onde ele contou um pouco sobre o momento atual de sua carreira e projetos para 2016.

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