A cantora <b>Roberta Miranda</b>, conhecida como a <b>Rainha do Sertanejo</b>, foi a entrevistada do Roda Viva da semana, que foi ao ar na noite da última segunda-feira (20). A cantora respondeu perguntas da bancada formada pelos jornalistas Fábia Oliveira, do portal Metrópoles; André Piunti, do canal do YouTube Piunti; Janaina Nunes da Record; Paula Carvalho do Flow News; e Lilian Coelho do Perfil Brasil.Os assuntos da entrevista, que durou cerca de uma hora e quarenta minutos, variaram desde o início da carreira da cantora, que nasceu em João Pessoa (capital da Paraíba) e se mudou para São Paulo aos 8 anos, onde <b>começou a cantar em bares na idade de 16</b>, até a sua opinião sobre questões como o machismo na música sertaneja a sua relação com as figuras atuais do Feminejo (ou sertanejo feminino).Quando questionada sobre algumas temáticas frequentes nas letras da música sertaneja, como a bebida alcoólica e a famosa “bebedeira”, Roberta Miranda respondeu que se afasta destes temas por não achar esta conduta “bonita”: “Teve uma situação quando eu comecei a fazer sucesso [...] Num dia saiu numa matéria bem grande no jornal ‘Roberta Miranda cai no palco bêbada’. Eu nunca vou esquecer, quando cheguei em casa minha mãe tava chorando, eu fiquei muito mal porque todo mundo começou a me chamar de bêbada, eu nunca tomei uma gota de álcool”, contou.A cantora ainda comentou que a sua (falta de) relação com a bebida vem da experiência com o pai, que era alcoólatra: “Eu não tenho nada contra quem bebe, não tenho nada contra bebida. O que eu acho é que quem vem de um pai alcoólatra sabe o peso que é isso. [...] Eu não tenho nada contra bebida, eu tenho contra a minha pessoa, porque eu trago dentro de mim um alcóolatra. É só isso, agora não acho que indicar [as vantagens da bebida] pro adolescente, criança, é uma boa conduta. A droga lícita mais terrível é a bebida”, finalizou.Ao todo, foram <b>40 anos de carreira</b> numa estrada que ainda está em construção. Roberta Miranda estava no sertanejo “quando tudo ainda era mato”, como definiu a apresentadora do Roda Viva, Vera Magalhães. A cantora falou, quando questionada sobre a questão da qualidade das composições, que não possui preconceito com nenhuma música atual: “Se tem público, não há porquê nadar contra a maré”, definiu.“No entanto, quando se trata de mim, eu não consigo gostar de uma música se eu não perceber poesia, um caminho de história. [...] Existe a arte, que perdura por anos, e existem poucas pessoas no cenário do novo sertanejo, que fazem poesia na música. Eles se diferenciam na harmonia, na orquestração”, respondeu.Roberta Miranda ainda comentou sobre a sua percepção sobre o preconceito contra a mulher no sertanejo. Para exemplificar, ela contou que, uma vez, um artista ofereceu dinheiro para que ela desistisse da música: “Vamos dizer que ele ofereceu o que seria hoje uns R$5 mil e disse ‘sai da música’. [Eu neguei porque] meu sonho é ouvir o meu nome na rádio. Não entrei nesse acordo, <b>eu levei muita porrada de um mundo comandado por bota e chapéu para me fazer ser respeitada</b>”.A cantora também desabafou sobre mulheres no gênero musical sertanejo, que definiu como distante: “O sucesso veio, graças a Deus, e nos afastamos. Uma coisa que eu tenho batido muito é que eu acho que não tem muita amizade no meio [sertanejo]. Eu acho que o problema é meu por eu ter sido sempre solitária, mas cada uma foi para o seu mundo. Todas elas reconhecem e respeitam minha história, acho lindo. E vou aplaudi-las”, finalizou.